No futebol há faltas leves que não dão em cartões. São faltas simples, sem agressividade. Puros acasos do jogo.
Na vida há faltas que nem sequer se sentem. Não se dá por elas. Simplesmente porque são insignificantes e facilmente substituiveis.
No futebol há faltas duras, muito duras. Às vezes o árbitro apita e marca a falta, mas não mostra cartão. Algumas vezes, exibe-o sem hesitar à primeira falta cometida. Noutras deixa o jogo andar de falta em falta até dizer quem manda. E noutras ainda não sabe bem o que fazer e só quando algum jogador faz o gesto do cartão com a mão é que ele se lembra de o mostrar. É o chamado, em linguagem futebolística, "cartão a pedido".
Na vida há faltas que se sentem. Que são capazes de magoar ao ponto de deixar marcas e mazelas por longos períodos de tempo. Sofre-se a primeira, a segunda, a terceira e acumulam-se dores na alma. Mas na vida não há árbitros, as pessoas são polivalentes: jogam e têm de ajuizar o seu próprio jogo e o da equipa que as rodeia. E se ver cartões é complicado, mostrar cartões ainda pode ser mais díficil: exige discernimento e um certo distanciamento; exige saber olhar com olhos de ver; exige consciência.
No futebol o amarelo avisa, o vermelho expulsa. O amarelo é acumulativo, o vermelho é definitivo.
Na vida... é igual. E também na vida há quem pareça "pedir cartões". É o chamado "estás a pedi-las". E eu tenho os meus no bolso, prontos a serem mostrados. A côr? Logo se vê, depende da intensidade da falta. E então... vens a jogo?
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