terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Polémicas...ou não.

Rita Pereira. 
Pelo que sei foi fazer uma produção fotográfica com estilista Micaela Oliveira por terras de Moçambique.
Dizem que África e as suas cores celestes e terrenas são um pequeno paraíso para quem gosta de fotografar. Por isso, porque não?
Ao que parece decidiram não só retratar no espaço da vida animal como também na perspectiva da vida local. E é ver a Rita, esvoaçante, no meio de crianças e crescidos com caras felizes. E é ver a Rita sentada entre meninos que não sabem bem porque têm que estar ali sentados também.
A meu ver, as fotos, pelo menos as que vi, ficaram muito bem. As cores, o dinamismo, tudo parece encaixar na perfeição. 


E agora vem a parte da moral em que dizem: então mas achas bem que ela vá pavonear a riqueza e a luxúria para um país tão pobre? não achavas melhor que ela fosse benemérita e ajudasse aquele povo? ou que se sentasse à mesa, no final da sessão, a comer farinha de arroz em vez de lagosta? Não acho mal, nem acho bem. É o que é. É trabalho.
Se fosse achar mal, também tería que pensar o mesmo daquelas viagens de turismo que se fazem por países pobres como a Républica Dominicana, fora de portas dos resorts, onde os os miúdos pedem na rua e estendem a mão a qualquer estrangeiro que veem na esperança de receberem um rebuçado, uma caneta ou um simples chocolate. E fazem-no com um brilho alegre no olhar e um sorriso na boca. Não porque querem parecer mais bonitinhos ou felizes. Mas porque são de facto um povo feliz, dentro do seu conhecimento dos indíces de felicidade e dentro da sua exigência que nada conhece, além do que lhes é providenciado por esses estrangeiros. Naquelas ruas cheias de pobreza, de talhos com carne pendurada ao sol cheia de moscas, as casas são alegres e coloridas ainda que muitas tenham chapas de zinco em cima. Há sempre música a tocar, por muito duro que seja pôr comida na mesa. E rostos alegres. E sabe tão bem proporcionar um momento de felicidade áqueles miúdos e ouvir um "obrigada, vou dar ao meu irmão". É nesses países que uma simples máquina fotográfica desperta as maiores curiosidades. O que eles adoram sorrir e ver-se no écran. O que eles adoram ver pessoas que vêm de fora, com coisas que eles nunca viram. Se ficam tristes por não as ter, por não as poder comprar? Possivelmente sim, mas não fazem birras, nem batem o pé. Sabem que a única coisa que podem fazer é lutar para terem um futuro melhor. É estudar para seguirem sonhos. Sonhos que muitas vezes surgem pelas mãos do estrangeiros. E é tão bonito ver que muitos conseguem.


E é por isto tudo que eu percebo o comentário da Rita no FB a dizer que aquelas pessoas estavam felizes por os terem lá. Porque acredito perfeitamente que seja verdade. E porque possivelmente alguém criou na sua cabeça o sonho de "um dia vou ser modelo também" ou fotógrafo... ou doutor... como tantos dizem. Obviamente que os sonhos não alimentam ninguém, mas nutrem a alma. E se, já que estamos na era das frases feitas, "o sonho alimenta a vida" e "a vida é feita de momentos e instantes"... porque é que isso não pode ser válido para África também?! 


(E para quem diz, à boca cheia de revolta, que o importante é ajudar-se sempre e não quando interessa... há muitas associações, como a Helpo, onde podem apadrinhar crianças africanas e proporcionar-lhes a vivência dos seus sonhos. Será que o fazem, ou só gostam de criticar?]