quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Quem quiser que me julgue... (tu não) #1

Eu sou aquela pessoa que em 10 anos de namoro nunca viu o telemóvel, nem o mail, nem os bolsos, nem nada do namorado.
Eu sou aquela pessoa que punha as mãos no fogo pelo namorado que tinha, achando-o incapaz de qualquer coisa que me fizesse mal.
Eu sou aquela pessoa que ao fim de 10 anos de namoro, quando se soube traída, quis apenas ver o rosto da pessoa em questão e o que dizia, tendo para isso usado formas menos licitas.
Eu sou aquela pessoa que assim descobriu que já era uma coisa que durava há alguns meses antes do fim.
Eu sou aquela pessoa que se indignou e chocou com algumas coisas que leu nas actualizações dessa pessoa.
Eu sou aquela pessoa que tinha nos contactos do seu telémovel o número da dita e nunca sequer lhe passou pela cabeça tirar satisfações ou o que fosse dessa pessoa. 
Eu sou aquela pessoa que, depois de saber o que me interessava, perdeu o interesse total em continuar a saber sobre a vida virtual dessa pessoa.
Eu sou aquela pessoa a quem o namorado nunca foi capaz de admitir que o fim do namoro tinha também (mas não só atenção) intervenção de terceiros.
Eu sou aquela pessoa que veio a descobrir por acaso 2 anos depois do fim, no meio de um concerto no Alive!, que afinal aquela não tinha sido a primeira traição e fingiu que já sabia.
Eu sou aquela pessoa que nunca confrontou a sério o ex-namorado com nada disto. Por medo? Não. Por indiferença. Simplesmente não me interessava. A escolha já estava feita. E o confronto apenas resultaria numa negação contínua dele. O "negar até morrer" é um lema presente em todos os homens.

Se é bonito fazer-me passar por outro ser qualquer que nem rosto tinha sequer? Não, não é.
Se magoei alguém com este gesto? Nunca faría tal coisa com o intuito de magoar alguém. Apenas me magoei a mim, que sofri em silêncio. Sofri, mas mesmo assim fiquei mais leve com a descoberta. E se algum dia tiver que contar isto ao meu ex., contarei... mas sem um pingo de vergonha.

3 comentários:

  1. Acho que, pelos mesmos motivos/suspeitas, já fiz exactamente o mesmo que tu. Não gosto de o admitir mas é a pura verdade. Especialmente porque eu não tinha motivos para o fazer. E fiz. E a relação sobreviveu apenas mais alguns meses. Foi o princípio do fim! Não foram dez anos mas foram quatro...

    Agora leio o que escreves e penso "Não sou o único". E gosto :)

    Excelente post!

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  2. Quem já não o fez ou teve vontade de fazer? Infelizmente, muitas vezes, é a única maneira de se saber o que realmente se passa à nossa volta, seja para o bom ou para o mau.
    Também já o fiz há uns anos, e não me arrependo nada. E faria de novo as vezes que fossem precisas. Costuma-se dizer que quem não tem cão caça com gato (é assim?) e cada um desenrasca-se como pode e sabe.
    Também percebi que já o fizeram comigo, mas quem não deve não teme e deixei a coisa correr.
    Ninguém tem de julgar ninguém, de falsos moralismos está o inferno cheio.

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  3. Também já fiz coisas assim desse estilo. E faria tudo de novo ou pior se aparecesse nova situação. Tu tentaste proteger-te desta maneira, não tens de sentir vergonha de nada! No final tinhas a razão toda! ;)

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