terça-feira, 27 de setembro de 2011

Memórias da minha infância...

Nunca fui uma criança de birras. Nunca esperneei no chão de um supermercado por querer aqueles chocolates. Nunca berrei "queroooooooo" de dedo apontado em direcção a nenhuma boneca exposta numa montra. Nunca fiz espectáculo no meio da rua por querer, pedir e não ter.
Quando chegava a casa ficava a pensar nas coisas, nos argumentos que podia usar. Era capaz de dizer vezes sem conta o quanto eu gostava disto ou daquilo, como me fazia falta, como ía estudar melhor, como ía ser uma criança tão mais feliz. [Sim, desde os 4/5 anos que o poder de argumentação já vivia dentro de mim.] Umas vezes calhava-me a sorte grande, outras não. E era quase tudo a ver com roupa e acessórios (ía lá perder o meu tempo a pedir bonecas!). Mas ainda me lembro como se fosse hoje das vezes em que, entre os 4 e os 8 anos, tive sorte: uns sapatos encarnados com um debruado a fio dourado (pirosos que doía a alma) vistos numa sapataria do Largo de Camões; um porta-chaves da bota Botilde visto no Largo do Camões quando o "1,2,3" estava no auge; uns óculos de sol vermelhos do Topo Gigio (a condizer com os sapatos, lá está); furar as orelhas, numa ourivesaria qualquer num Domingo de eleições para o presidente da república; uma mala de tiracolo, amor à primeira vista porque era perfeita e fofinha que só ela; outra mala de tiracolo, de couro como as pessoas crescidas usavam, amor à segunda vista comprada numa feira do Algarve e depois de regatear o preço com o senhor (o que ainda me valeu uma pulseira de búzios no pulso à borla).

Desses tempos guardo estas memórias, o poder de argumentação e os furos nas orelhas. A minha mãe encarregou-se de guardar as malas. <3



1 comentário:

  1. Ahaha eu nem tentava a birra porque já sabia que ia correr muito pior para o meu lado ;)

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