quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Das fardas ou da minha relação com figuras da autoridade (porque não tenho titulo nenhum de jeito para dar a isto*)

[*E por isto entenda-se: coisas que não interessam ao menino Jesus quanto mais a vocês, mas enfim.]

Acordei com a policia a tocar-me à porta. Dado que não tenho fetiches com fardas e apesar de me saber inocente em tudo, dá-me logo para as taquicardias [sim, quando apanho operações stop, mesmo sem nada a temer, também fico assim. é os papéis que nunca estão onde devem, é o soprar no balão, é as piadinhas tolas que costumo ouvir, é tudo]. E é claro que os pensamentos se sucederam a uma velocidade vertiginosa: e agora? abrou ou não abro? será um polícia verdadeiro? é capaz. pior, são dois. está mais um dentro do carro. medo, que raio terei eu feito? opá, eu sempre tive a ideia tonta que andar num carro da polícia com a sirene em alto e bom som talvez tivesse a sua graça. be carefull what you wish for. medo, mas que raio terei eu feito? se for uma multa estou lixada. mas as multas vêm pelo correio. multa não deve ser. também não vi nada digno de um testemunho na esquadra. ai a merdinha. vou abrir. coragem. se tiver q ir com eles, vou de pijama? no way. seja o que fôr, 8 da manhã não são horas para se tocar à porta de ninguém. será que aconteceu alguma coisa a alguém e eles vêm comunicar pessoalmente, como nos filmes? ai ai ai. é abrir a porta, que remédio. ele está impaciente. seja o que Deus quiser e que Deus esteja do meu lado e não me ponha multas à frente ou inibições de conduzir ou o caraças. É agora, respira fundo, damn que o rapaz até tem boa pinta. Força. "Bom dia. Bom dia, pedimos desculpa pelo incomódo, mas vimos notifica-la para comparecer em tribunal, [ai ai, já foste A., já foste], preciso da sua assinatura aqui. Ok, tem uma caneta? Aqui tem. Desculpe, mas afinal não vou assinar isto. Não, porquê? Está a recusar-se? Não, não é para mim. Como diz? Não me chamo assim, logo isto não é para mim. Tem a certeza, é que a morada é esta. Sim, sei o meu nome desde sempre e não é este, a morada está correcta o nome é que não, acha que pareço indiana para ter um nome assim? Desculpe, mas já se vê de tudo hoje em dia; se me pudesse mostrar o seu documento de identificação. Com certeza, se calhar devíamos mesmo ter começado por aí, ou por me perguntarem o nome, digo eu. Pedimos desculpa pelo incomódo, tenha um bom dia."

Tivesse eu o tal fetiche com fardas, tinha sido o acordar ideal. Como não tenho, alguém havia de pagar pelos minutos de vida que me roubou. Sim, que o stress mata. Isso e chegar ao espelho da casa de banho e ver a minha figura. Quem me mandou ser preguiçosa e não tirar a maquilhagem? Tinha literalmente um olho negro. Só um, mas todo ele negro. Parecia que tinha sido esmurrada. Do mal o menos... se me baterem à porta outra vez já sei que é para saber se eu não quero apresentar uma queixa de violência doméstica.

1 comentário:

  1. Que susto..! Mas ainda bem que não passou de uma confusão...
    Quanto ao estado em que estavas, fez-me lembrar uma vez que abri a porta ao vizinho de cima (que por acaso era assistente na minha faculdade...) com a cara cheia de pintas de Halibut por cima das borbulhas... Grrrr, quando passei pelo espelho nem queria acreditar e só aí percebi o esgar que ele fez ao falar comigo!!!

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