segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Das compras...

Às vezes vejo coisas nas lojas que não compro logo, porque peso os prós e os contras da aquisição. E depois de andar semanas a namorá-las, num regime de alta cumplicidade, ou esqueço porque afinal não era bem aquilo ou quando me decido já não há. Não gosto, irrita-me, mas nada que não se ultrapasse. Mas como eu só compro o que quero verdadeiramente, às vezes torna-se complicado superar. Porque não é por umas botas estarem esgotadas que eu vou a correr comprar outras. Só porque quero umas botas, só porque quero comprar, só porque sim. Não. Eu quero "aquelas" botas. E por elas, vou "andar" de loja em loja. Até comprar ou até ter de me render à evidência que não existem mesmo, nem em Lisboa nem no Burkina Faso. E nesse caso, nada mais há a fazer do que esquecer aquele objecto de desejo e tentar começar o processo de novo: visualização, paixão, namoro, aquisição.

Agora, o que eu não gosto mesmo e até me dá comichões e nervos e coisas assim é ver o que eu andei a namorar durante as tais semanas a ser usado por pessoas com muito menos capacidades e desejos que eu. Aparentemente limitadas. Que compram porque é moda, e até simpatizam mas não adoram. Que compram porque parece que aquilo era a alternativa ao que de facto queríam ter e não conseguiram. Que depois usam várias vezes, incentivadas pelos gritinhos das amigas "ah e tal, isso fica-te mesmo muito bem, gosto disso, devias arriscar e usar mais vezes, ahahah". Que vão usando... por usar, durante uma temporada, mas "até calha bem porque a peça até é gira e capaz de causar impacto" e assim como assim o que se queria mesmo também anda a ser usado por outras pessoas, por isso que se lixe. Mal empregadas, tão mal aproveitadas as potencialidades...

Lamento, mas não gosto de "perder" as minhas coisas para pessoas assim. Perder sim, tudo bem... mas para quem lhes dê o mesmo uso, ou melhor, do que eu. Que tenha verdadeiro gosto na compra. Que tenha verdadeiro prazer de cada vez que as usar.
É que eu só compro o que quero verdadeiramente e o que melhor me assenta. E não preciso que ninguém me diga "é a tua cara e cai-te tão bem, parece feito à tua medida". Porque eu sei disso. E é isso que eu quero.

Concluíndo: Aqueles botins da Mango ainda vão ser meus. Qualquer semelhança entre as montras das lojas e a agitação da vida... não é pura coincidência.

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