Quando era pequena fazia corridas com os carros.
Eu a pé, no passeio. Os carros na estrada. Normalmente uma recta. Traçava um objectivo e mentalizava-me disso. Aos 8 anos pensava coisas do tipo "se chegar ali aquele marco do correio antes daquele carro azul que vem lá ao fundo recebo uma Barbie". Aos 12 anos já passava mais por "se chegar ali... antes de... é porque ele gosta de mim". Aos 16 seria qualquer coisa como "se conseguir apanhar o comboio das 7h57 é porque teste me vai correr bem" (sim, aos 16 era uma miúda segura de mim. não era uma corrida contra o transporte que me dizia se fulano ou cicrano gostavam de mim. aliás, como poderíam nao gostar? ok, talvez , nos dias em que não havia testes e em que a vida não me corria assim tão bem, também corresse com a mente nalgum rapaz bandido!).
Acho que a última corrida destas que fiz foi no dia antes de entrar para faculdade. Devo ter ganho! Depois, achei que tinha que inventar qualquer coisa nova, porque correr de saltos altos pelas calçadas de Lisboa não era um espectáculo bonito... e, se calhar, era sinal de imaturidade dizer frases do género aos colegas "vou só ali correr com o eléctrico, apanho-vos na próxima paragem... e se conseguir vamos ter uma noitada do outro mundo". Não, definitivamente não estava a ver ninguém a entender isto. (bem, talvez a S.. Sim, S. entenderia e correria comigo!)
O tempo passou. O modus operandi mudou. Os objectivos mudaram. Os adversários das corridas também. Mas frases como estas "se eu não fizer isto até às 17h é porque o telemóvel não se vai mexer... so moove it!!" ou "se eu não comer este chocolate todo de rajada... o slb ganha" surgem facilmente na minha mente.
Quando era pequena fazia corridas com os carros. Agora faço corridas comigo mesma.
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