... e porque as imagens são horríveis, porque os relatos são "pesados"... e porque ninguém merece passar por aquilo. Ninguém merece morrer debaixo de escombros só porque a ajuda não chegou a tempo ou porque os meios de resgate são quase nulos. Porque é um povo com demasiadas provações ao longo do tempo. E porque mesmo assim vão sobrevivendo às tragédias conforme podem.
E foi a pensar nisso que cheguei a casa e contribui para o fundo da Cruz Vermelha. E tenho a certeza que se não o fizésse não íria ficar bem com a minha consciência. A minha contribuição não passa de um grão de areia dada a imensidão do que será necessário para recuperar vidas e trazer de volta os sorrisos daquelas pessoas, mas sei que vai fazer a diferença na vida de alguém... e isso a mim chega-me.
Diariamente gastamos dinheiro em tanta coisa que não nos faz falta... nem damos por ele a sair da carteira. É aquela revista que se compra e folheia em 20 minutos, é aquele chocolate que apetece tanto mas tanto que tem mesmo que se comprar, é uma infinidade de pequenos gestos diários que nem contabilizamos nas contas mensais. Do que custa prescindir disso hoje? Em tempo de crise, gastaram-se por minuto 100 € na primeira semana de saldos. Por isso, não me digam que a crise não permite que se entre em campanhas de ajuda. Haja vontade, haja ternura... e o Mundo pode-se tornar bem melhor.
Eu sou um grão de areia, mas sinto-me bem por estar a ajudar. E com muitos grãos de areia pode-se fazer uma praia... ou um deserto.
(mais uma coisa: esta semana foi o Haiti... um dia destes podemos ser nós. O deles foi de magnitude 7, com epicentro a 15 kms de Port-au-Prince. O nosso último foi de 6,1 com epicentro a 100 kms da costa do Algarve. Foram esses 100 kms que nos safaram desta vez. Mas nunca me vou esquecer das palavras do pai de uma amiga minha, ex-director da Protecção Civil, aquando do terramoto na Turquia à uns anos atrás: "se isto fosse em Portugal... só nos restava encomendar os sacos pretos")
Sem comentários:
Enviar um comentário